Parafuso de estrelas #1
contando de nós (ou de nossa sede) //
fotografia e texto: fabiane de souza
Parafuso de estrelas #2
Soltos do tempo, impossíveis,
esperando pastéis de vento. //
fotografia: fabiane de souza
texto: erick moraes
Parafuso de estrelas #3
PassadoinstantePassaroinstantePassei...olhalá!...Passou... //
fotografia: erick moraes
texto: marcelo oliveira
Parafuso de estrelas #4
Que viajam por trilhos diferentes nas dobras do acordeon dos sonhos... //
fotografia: erick moraes
texto: joão afonso
Parafuso de estrelas #5
Parece vida passada, o mundo grosso.
Menos e menos a terra cai perto dos buracos à beira,
faz tropeço. //
fotografia: fabiane de souza
texto: clarice martins
Parafuso de estrelas #6
A sucessão de corpos pra essa roupa. Esses destinos
amarelos. Cavar um poço ou pendurar a rede? //
fotografia: fabiane de souza
texto: erick moraes
Parafuso de estrelas #7
Ponto de encontro de passageiros solitários //
fotografia: fabiane de souza
texto: joão afonso
Parafuso de estrelas #8
Da mensagem resta o roto
Palavra-farrapo
A resposta sopra no vento //
fotografia: fabiane de souza
texto: marcelo oliveira
Parafuso de estrelas #9
a pista de uma imagem rota
de um dia que lembra outro
dia, uma nesga de sol
que recorda o futuro //
fotografia e texto: fabiane de souza
Parafuso de estrelas #10
Àqueles que se querem fazer árvore
e empolar nutriente pelo concreto. //
fotografia e texto: fabiane de souza
Parafuso de estrelas #11
O tempo talhado curte o medo, do que poderia ter sido e não foi, o atraso, a dança, o engasgo. //
fotografia: fabiane de souza
texto: erick moraes
Parafuso de estrelas #12
O desfile da pele
sobre a minha
vagueza
Mais um livro
que não volta
pra estante. //
fotografia: fabiane de souza e erick moraes
texto: cristiano matos
Parafuso de estrelas #13
Em meus pelos dispo-me
Em minhas unhas arranho-me
Em minhas patas marco-me
Em meus olhos ganho-me
Em gato gato-me //
fotografia: fabiane de souza
texto: mateus melo
Parafuso de estrelas #14
Que leveza é possível quando os instantes são tão espessos? Cheios do que não cabe em parte alguma. //
fotografia: fabiane de souza
texto: erick moraes
Parafuso de estrelas #15
aos terríveis traficantes das coisas
realmente pequenas e efêmeras
que, assim...
não pesam um susto
o seu casaco florido
ainda está aqui //
fotografia e texto: cristiano matos
Parafuso de estrelas #16
Quero viver a verdade dos sonhos
Das intenções não realizadas
O desejo guardado
Pela virtude da vergonha
O eco daquilo que não falamos
Tentando voar, tal roupa no varal //
fotografia: erick moraes
texto: joão afonso
Parafuso de estrelas #17
quando o sol se enfia assim
mais sonolento
nos cantinhos da minha boca
é você pensando em mim //
fotografia: fabiane de souza
texto: cristiano matos
Parafuso de estrelas #18
te escrevo cartas sobre minhas horas
porque algo não cessa de escapar, de derreter
e é o jeito desse algo restar:
sempre esvaindo //
fotografia e texto: fabiane de souza
Parafuso de estrelas #19
bem mal acordado
um entresonho cacheado
feito bordas
estar e não estar ali
eu nunca aprendi //
fotografia: fabiane de souza
texto: cristiano matos
Parafuso de estrelas #20
traficar abismos;
lembrar-se das bifurcações
como quem imagina — ou planeja —
o próprio nascimento //
fotografia e texto: fabiane de souza
Parafuso de estrelas #21
Não sinto
Meu eu já não é
Sombra liberta dos pés
Pra trás nem sequer o esquecimento //
fotografia: erick moraes
texto: joão afonso